terça-feira, 3 de agosto de 2010



Quando Aarão foi instalado como Grão-Mestre do Oriente dos Filhos de 
Israel,  Moisés  mandou  que  para  ele se fizesse umas alfaias, que se 
penduravam  em  seus  ombros  e  desciam  até  a altura dos seus rins 
com os dizeres “‘DOUTRINA E VERDADE”, pois aquela era a divisa que
aquela Fraternidade iria propagar pelo mundo.(1) 
As  alfaias  foram  instituídas  como  substitutas  dos  ídolos, que eram 
proibidos   pela   tradição   hebraica.   Segundo  a  tradição,  Jeová  não 
queria  intermediários  entre  Ele  e  o  seu povo.  Por isso Ele baniu os
ídolos  (terafins), mas   permitiu  o uso dos tumins e os urins, que eram 
jóias e adereços contendo proposições escritas que demonstravam os 
propósitos buscados pela Irmandade de Israel.(2) 

E  Moisés consagrou o Tabernáculo na forma como o Grande Arquiteto 
do  Universo  havia  ordenado, santificando depois a Aarão, espargindo 
sobre a  sua  cabeça o óleo precioso que escorreu para suas barbas e 
molhou as orlas do seu vestido.
Segundo o salmo 133 (132), o óleo desce do alto da cabeça de Aarão e para 
a orla dos seus vestidos. Esse simbolismo tem uma correspondência 
muito significativa nos ensinamentos da Cabala. De acordo com essa 
tradição,  a  barba  é  o influxo que nasce na primeira Séfora e percorre 
toda  a Árvore da Vida unificando a totalidade das realidades existentes 
no universo.
(Árvore  Sefirótica  significa  o  Cosmo  como  realidade  macro  e o seu 
reflexo no homem como realidade micro). (2)
A   palavra   barba,   em   hebraico,   (Hachad)   significa   unidade, e por 
aplicação da técnica da gematria essa palavra é igual a 13. A=1, CH=8, 
d=4. Esses valores correspondem às partes da barba do Macroprosopo
(O  Arquétipo  Celeste,  imagem  do  Grande Arquiteto do Universo), cuja 
proporção  numérica  e geométrica (o homem vitruviano) deu origem ao 
modelo do homem da terra. 
Assim, o Salmo 133(132),  na verdade,  é um simbolismo que tem origem no 
esoterismo da tradição hebraica, e a Maçonaria, ao adotá-lo na abertura 
de suas Lojas  simbólicas  não  está  apenas  contemplando  a idéia da
Fraternidade  pura  e  simples,  mas  realizando  o  objetivo  cósmico  de 
integração total de todas as emanações de Deus. (3)
Esse ato tornou-se parte dos rituais desde então e sobre ele se cantaram 
salmos e se compuseram hinos que até os dias de hoje se repetem na 
abertura dos trabalhos das Lojas maçônicas. 
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 (1) Razão pela qual muitas Lojas maçônicas mantém a tradição de adotar nomes
que lembram divisas, tais como “Trabalho e Justiça”, “União e Caridade”,
“Sabedoria e Arte”,“ Perseverança e Virtude”, etc..

(2) Urins e Tumins são representações de ídolos, ou amuletos que segundo a
tradição esotérica possuem poderes mágicos. A tradição israelita proibia a consulta
a ídolos e a posse de urins e tumins, mas mesmo com essa proibição sempre havia,
em Israel, quem os consultasse. Famosos personagens bíblicos como Rebeca,
esposa de Jacó, e o próprio Rei Davi não foram infensos a essas práticas.

(3) Porque essa, além da interpretação esotérica dada pelos cabalistas à barba - que
é a manifestação da primeira séfora (Kether, a Coroa) que se derrama pelo resto do
corpo, (Árvore Sefirótica), o salmo 132 também consagra a União fraternal dos
Irmãos em Loja.


(DO LIVRO cONSTRUTORES DO UNIVERSO, NO PRELO PARA PUBLICAÇÃO).
JOÃO ANATALINO
Publicado no Recanto das Letras em 28/03/2010
Código do texto: T2164551

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